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Procissão

O ponto culminante da Festa de Nossa Senhora do Amparo é, sem dúvida, a procissão, expressão máxima da devoção popular que mobiliza amplamente a cidade de Valença-BA. Tradicionalmente realizada na tarde de 8 de novembro, a procissão tem início por volta das 15 horas, partindo da Igreja de Nossa Senhora do Amparo e percorrendo um trajeto histórico de aproximadamente cinco quilômetros. Seu percurso inclui as seguintes vias: Rua do Amparo, Rua Dalmo Dias (conhecida como Ladeira da Fábrica), Ponte da CVI, Rua Alisson Freitas, Rua Dois da Vila Operária, Rua Três da Vila Operária, Praça Getúlio Vargas da Vila Operária, Praça da Quadra da Vila Operária, Rua Marcondes Filho, Avenida Antônio Carlos Magalhães, Rua Juvêncio de Rezende, Ponte Inocêncio Galvão de Queiroz (Ponte Velha), Praça Ademar Braga Guimarães (Jardim Velho), Rua Comendador Madureira, Rua Marechal Floriano Peixoto (Rua da Calçada), Rua Duque de Caxias (Rua da Taboca), Rua Riachuelo, Rua Marechal Deodoro da Fonseca (Rua da Lama), Praça da República (Jardim Novo), Rua Rui Barbosa, Rua Marquês de Herval, Rua Sete de Setembro, Rua Veteranos da Independência e, por fim, retorna à Rua do Amparo.

Na segunda metade da década de 1980, a procissão passou por uma alteração  em seu percurso. Devido a problemas estruturais na Ponte da CVI, deixou-se temporariamente de iniciar a procissão na igreja, adotando-se como ponto de partida a Praça Getúlio Vargas, na Vila Operária. Com isso, o trecho entre a Rua Dalmo Dias e a Rua Três da Vila Operária foi excluído do itinerário oficial por mais de uma década. Apenas em 2001, após a reestruturação da ponte e a mobilização da comunidade local, a procissão voltou a partir da Igreja do Amparo, restabelecendo-se o trajeto tradicional.

A procissão é vivida como uma verdadeira apoteose da fé. À medida que o andor com a imagem da padroeira percorre as ruas da cidade, uma multidão se forma e cresce, incorporando devotos em cada trecho do percurso. Expressões de fé se multiplicam ao longo do trajeto: bandeirolas, tapetes e pinturas no chão das ruas, enquanto portas e janelas se transformam em oratórios improvisados, adornadas com toalhas brancas, faixas, balões e outros ornamentos nas cores azul e branco. São lançados confetes e pétalas de rosa, queimam-se fogos de artifício, incensos são acesos, tudo em reverência à santa, em um espetáculo que reafirma a centralidade de Nossa Senhora do Amparo no imaginário religioso da cidade.

As decorações das ruas tornaram-se, por si só, um rito preparatório carregado de expectativa. Já a partir de setembro, grupos de devotos organizam mutirões e arrecadações para garantir os recursos necessários à ornamentação do trajeto. A cidade, dessa forma, literalmente se transforma para acolher sua padroeira, que, conduzida em andor, realiza sua visita ritual pelas ruas da cidade.

O momento da procissão é marcado por fortes emoções, manifestadas por meio de aplausos, lágrimas, cantos e aclamações. A comoção coletiva reforça os laços comunitários e dá sentido a práticas de devoção que se mantêm vivas, mesmo diante das transformações sociais e urbanas. A procissão de Nossa Senhora do Amparo é, portanto, não apenas o ponto alto da festa, mas um dos principais patrimônios imateriais do povo valenciano, reconhecida por sua densidade simbólica, seu valor afetivo e sua força agregadora.

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